Friday Experience - Ano II

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22 de março de 2024

Estratégias para Equilibrar o Mundo

   Por um longo período da humanidade, prevaleceu nas relações entre os humanos, a lei do mais forte. Reinos foram construídos e destruídos por pessoas a partir de suas crenças e força econômica, política e militar. Com frequência a parte perdedora, era morta ou escravizada. Com a Revolução Francesa, o início da Democracia e as transformações nas organizações da sociedade, começaram surgir conflitos de amplitude mundial.

 

   Ao final da Segunda Guerra, em substituição à Liga das Nações prevalente desde o final de Primeira Guerra, e com o propósito de evitar um novo conflito bélico internacional, foi criada em 1.945 a ONU – Organização das Nações Unidas, que hoje tem 193 países membros dos quais o Brasil faz parte.

 

   Dentro os diversos projetos elaborados e conduzidos pela ONU, em 2015, com o propósito de eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de qualidade ao longo da vida para todos, proteger o planeta e promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030, foram criados 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável -ODS, com 169 metas para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. Estruturados em 4 dimensões (social, ambiental, econômica e institucional) estes Objetivos e Metas foram assumidos por todos os países membros, e 9 anos depois já é possível perceber avanços no proposito para os quais foram criados.

 

   Da erradicação da pobreza e da fome (1 e 2), boa saúde/bem estar e educação de qualidade (3 e 4), à cidades e comunidades sustentáveis (11) e paz/justiça e instituições fortes (16) cada um traz abordagens e compromissos visando a sustentabilidade do planeta.

 

   Optamos por trazer a discussão e reflexão dos nossos leitores, o ODS de número 12, que aborda o tema “consumo e produção responsáveis”. Um dos desdobramentos deste ODS (12.3) demanda implementarmos ações para reduzir o desperdício de alimentos.

 

   Dados relativamente recentes da FAO -Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, indicam o volume anual l de 1.3 bilhão de toneladas de alimentos desperdiçadas, correspondente a aproximadamente 1/3 de tudo o que é produzido. A Australia é indicada como o maior -desperdiçador-, mas nós não ficamos muito distantes. Estamos em 10º lugar no ranking mundial e segundo dados do IBGE, 30% dos alimentos acabam sendo jogados fora, e destes 52% ocorre durante o manuseio e transporte.

 

   Se acompanharmos a meta mundial deveríamos reduzir em 50% a perda e desperdícios entre 2015 e 2030. Não há dados recentes disponíveis, mas certamente essa será mais uma meta não alcançada.  O que sabemos por estudos relativamente recentes (2023) e que cada brasileiro joga fora 60 kg de alimentos por ano o que equivale a 5 kg por mês. Embora o cálculo pela média tenha as distorções naturais do método, já é uma referência para trabalharmos. Você consegue avaliar quanto desperdiça mensalmente? Já parou para pensar sobre isso?

 

   O mesmo estudo, indica que quem mais tem consciência são o público feminino, os mais velhos (especialmente os boomers, geração acima de 59 anos) e as pessoas com filhos. Isso indica que existe uma parcela da população mais sensível ao tema, sendo, portanto, peça-chave para uma mudança efetiva de comportamento.

 

   Outro apontamento do estudo que ajuda a entender o cenário é onde o desperdício se concentra. Ao contrário do que se pensa, a maior fatia está antes de o alimento chegar à mesa do consumidor final: 50% acontecem durante o manuseio e transporte, 30% nas centrais de abastecimento, 10% no campo e outros 10% no varejo e nas residências.

 

   Estes dados nos levam a inferir que as causas fundamentais estão relacionadas à educação para a vida. E eu confesso que não tenho visto nada relevante neste sentido para mitigar os efeitos danosos à sociedade. Confesso também que essa reflexão me despertou para avançar no tema. Até lá vou fazendo a minha parte.

  • Medir o volume diário de desperdícios de alimentos gerado sob a minha responsabilidade;
  • Estabelecer metas de redução contínua e monitorar os resultados;
  • Adotar e implementar as recomendações de boas práticas, como:
  • Comprar itens de produção local;
  • Priorizar alimentos da estação;
  • Preferir produtos a granel;
  • Reaproveitar cascas e talos para novas receitas;
  • Doar alimentos não usados para bancos de alimentos ou pessoas que precisam;
  • Compartilhar informações sobre como evitar o desperdício.

 

E a sua parte? Com que amplitude você, e os grupos e organizações das quais faz parte tem tratado este tema dos desperdícios de alimentos? E dos demais desperdícios de recursos naturais? E dos demais ODSs e Metas?

 

Sempre é tempo de avançar! Vamos juntos nessa?

 

Abraços

 

Raimundo Sousa