Estudos recentes conduzidos pelo observatório Itaú Cultural indicam que a chamada economia criativa gerou em 2020 uma riqueza de R$ 230 bilhões, (3.11% do PIB), superior a diversas industrias da economia, inclusive a automobilística.
Sendo a cultura parte relevante desta indústria, não é difícil inferir o impacto das atividades culturais na geração de trabalho e renda para a sociedade.
Neste sentido há pelo menos dois fenômenos que vale a pena refletir nesta mensagem semanal.
O primeiro deles é o impacto da chamada -economia prateada- composta por pessoas na faixa etária superior a 50 anos. Estudos recentes indicam que são mais de 54 milhões de brasileiros (1/4 da população), muitos deles independentes. financeiramente, ávidos consumidores em diversos nichos de mercado e que têm como um dos objetivos maximizar a habilidade cognitiva e saúde mental.
O segundo é a forte demanda sobretudo na área da música, por profissionais “seniores”, com idade superior a 60 anos. Além de Chico, Gil, Caetano, Ney, Djavan, Toquinho, entre outros, temos visto a cada dia o retorno de artistas da chamada “velha guarda” com casas cheias todos os dias. De uma certa maneira é um resgate do valor da experiencia e do legado deixado ao longo das atividades profissionais.
A convite da “Brain” fui recentemente ao show “80 a década do vale tudo” liderado pela Sandra Sá. È incrível a vitalidade de uma mulher aos 67 anos (disse que ainda está no meio da vida), liderando um grupo de mais de 60 músicos e artistas, com uma voz super afinada e uma disposição incrível para oferecer cultura e entretenimento. Adicionalmente inserida num projeto altamente inclusivo. O primeiro teatro brasileiro totalmente inclusivo. Se estiveres em Sampa, recomendo não perder. Uma verdadeira demonstração da força criada pela interação da senioridade com a juventude. Uma forma inteligente de se produzir resultados altamente qualitativos.
A reflexão que me acompanha até agora é porque nas atividades relacionadas à gestão, administração e mesmo operação de negócios em outras industrias, esse grupo de seniores são praticamente rejeitados? Pessoas com idade superior a 50 anos, sequer tem os seus CVs avaliados pelas equipes de recrutamento e contratação de muitas organizações por esse Brasil afora.
Como executivo, empresário ou investidor, qual tem sido o seu comportamento diante destes fatos? Continua recomendando implícita ou explicitamente os seus profissionais de rh/recrutamento a buscarem gente na “faixa de 35 a 45 anos”? Está disposto a um novo olhar sobre o tema e avaliar competências, resultados entregues e projetos para entregas futuras? Pequenos movimentos para esta abordagem já são percebidos e a meu ver devem crescer com vigor. Desejamos que assim seja.
Apoie, estimule e valorize as pessoas “prateadas” ao seu redor.
Tenha um excelente final de semana.
Abraços!
Raimundo Sousa
@raimundosousa54