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Os Riscos de Nos Acostumarmos com o Normal.

  No mesmo dia do acidente aéreo que vitimou 62 pessoas na região de Campinas, em São Paulo, morreram 92 pessoas vítimas de acidentes de trânsito no Brasil, 33 delas motociclistas*. (Dados do Ministério da Saúde: Em 2022 morreram 33.894 pessoas decorrentes de acidentes de trânsito no Brasil).

 

  Porque a intensidade na publicidade do primeiro evento, é tão maior em relação ao segundo? Não estou menosprezando o impacto do primeiro, a propósito, também sou solidário com todos os envolvidos, mas não me surpreenderá se não criarem uma CPI para tratar do assunto, enquanto o segundo continua materializando sofrimentos para as famílias e custos para o país.

 

  Uma das respostas que encontrei, é que diferentemente das mortes no trânsito, os acidentes aéreos não são usuais, costumeiros ou normais, notadamente em voos comerciais. Felizmente que seja verdadeiro!  E Isso faz com que o “impacto emocional e publicitário” tenha mais intensidade do que as mortes no trânsito.

 

  Mas olhando sob a perspectiva de perdas, seja humana, seja social e econômica, o impacto verdadeiro na sociedade é muito superior nas vítimas de acidentes de trânsitos. Mais grave ainda, ocorre todos os dias por este Brasil afora. E como o país é grande e as ocorrências são dispersas, poucas informações recebemos de correções a condutores bêbados, drogados, irresponsáveis, desrespeitosos etc. A menos que alguém “consolide” estas informações e as compartilhe com intensidade, tornam-se algo normal, contemplativo, suportável em nossa vida diária.

 

 E este é um dos maiores problemas de um país, numa sociedade moderna. Entender e se comportar como pouco se pode fazer nas coisas aparentemente normais, repetitivas, corriqueiras, mesmo trazendo efeitos danosos individual e coletivamente. Assim como ocorre com as mortes no trânsito, não é diferente na qualidade da nossa educação, em nossos indicadores de eficiência e produtividade, na gestão dos gastos públicos, nos valores preponderantes da sociedade, entre tantas outras mazelas que temos contemplado.

 

 E aqui não é ser pessimista ou negativista. Há coisas boas sendo realizadas sim, mas é preciso maior intensidade. Há um enorme inventario de “mazelas” a serem corrigidas, e quanto mais cedo fizermos, as novas gerações poderão se beneficiar, e teremos um país forte e poderoso.

 

 Pensar sobre este assunto, me faz lembrar um pequeno trecho da carta que o Apóstolo Paulo escreveu ao povo de Roma há mais de dois mil anos atrás. Numa leitura interpretativa ele disse para “não nos conformarmos com o status quo da sociedade presente l , mas transformar-nos   diariamente através de  uma nova mentalidade”. (RM 12.2)

 

 A reflexão da semana portanto, é te estimular a pensar sobre o que tem feito e ainda pode fazer para reduzir o “inventário” das mazelas que carregamos em nossas costas. Não se acostume com o status atual e não aceite o normal. Faça algo novo, diferente e gerador de riquezas para todos.

 

Abraços

 

Raimundo Sousa