Neste domingo 11 de junho, a cidade de São Paulo será o palco da 27ª Parada do Orgulho LGBT+, com estimativa de público superior a 4 milhões de pessoas, que foi o público da edição 2022. O tema escolhido para este ano foi - políticas sociais para a comunidade -. Segundo os organizadores, eles desejam ampliar o leque das políticas púbicas já disponíveis ao grupo.
Numa perspectiva econômica, o evento é um forte gerador de riquezas e trabalho e renda para a cidade. Considerada uma das maiores do mundo, a expectativa da Prefeitura é de que junto com a -Marcha para Jesus (É isso mesmo. Nesta mesma semana, mas na quinta dia 08 acontece na cidade a Marcha para Jesus – o maior evento popular cristão do mundo, com estimativa de público de 2 milhões de pessoas), deve gerar um efeito econômico superior a R$ 350 milhões. E este ano a “Parada” tem um patrocinador de peso. O Banco do Brasil. Éh. Ele mesmo!
Numa perspectiva social, é a busca de reconhecimento por mais direitos, por igualdade de condições, redução do preconceito e respeito pelas minorias. Mas acima de tudo o respeito à liberdade, o direito à vida e à democracia.
Numa perspectiva de saúde, seja púbica, seja privada, é onde está o nó. Um dos estudos consistentes é a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE em 2019 e publicada em 2021. Estima-se que temos mais de 5 milhões de pessoas homossexuais e bissexuais no Brasil (2.9 milhões já declararam na pesquisa, 1.7 milhão não soube responder e 3.6 milhões não quiseram responder – deve ser a turma do que se convencionou dizer ainda não saíram do armário) dos quais 60% (aproximadamente 3 milhões) do sexo masculino. Um outro dado interessante da pesquisa é que entre os que se declararam homossexuais e bissexuais, majoritariamente tem formação superior e presumidamente classe média, o que nos leva a inferir que sejam usuários do sistema privado de saúde – saúde suplementar.
Não há dados e estatísticas confiáveis acerca da prevalência de doenças/patologias dominantes para esse grupo populacional. Há um compromisso do IBGE em avançar na busca de novos conhecimentos na próxima Pesquisa Nacional de Saúde. No mercado há uma percepção dominante de que doenças mentais como ansiedade e depressão, suicídios, álcool e drogas, infecções ligadas às DSTs, são prevalentes e necessitam de uma atuação firme e segura dos órgãos públicos e da sociedade em geral.
Outro impacto relevante está ligado à idade média e capacidade de geração de riquezas deste grupo. Um estudo relativamente recente elaborado pela TODXS (leia-se todes) uma ONG criada em 2017 para realizar estudos sobre essa população, indica que 77% de uma amostra pesquisada tem menos de 35 anos. Esse mesmo estudo afirma que a população trans vive em média 35 anos. O cruzamento destas informações nos permite inferir que a idade média desta população é muito inferior a expectativa de vida da sociedade brasileira que é superior a 76 anos. Se considerarmos que temos um PIB per capita de U$$ 6.700 (seis mil e setecentos dólares) não é difícil imaginar a perda de riquezas que essa população deixa de gerar ao país.
A reflexão deste final de semana, é para nos perguntar, como cidadãos ou operadores da saúde, o que estamos fazendo para este público? O fato é que, são reais e potenciais usuários do sistema de saúde, seja público, seja privado.
Algumas pessoas podem até não se interessar pelo assunto. Mas ele está aqui, ao nosso lado. Ignorá-lo não deve ser a melhor estratégia.
Tenha um final de semana reflexivo sobre as coisas do Brasil.
Forte Abraço!
Raimundo Sousa
@raimundosousa54